domingo, 28 de março de 2010

( XIV ) EVANGÉLICOS (NEOPENTECOSTAIS)

A origem das maiores diferencias entre os evangélicos e os católicos residem no fato que os primeiros tem nos textos bíblicos a única fonte doutrinaria, enquanto os segundos acrescentam a eles a tradição e as varias decisões que vieram a ser adotadas através dos concílios.
Nestes últimos tempos, alegam, a igreja católica realizou inúmeras modificações: a missa que não é mais em Latim, a permissão de um ligeiro lanche antes da comunão, o posicionamento do sacerdote que agora dá as costas para o altar e a própria hóstia que ao invés de ser posta pelo padre sobre a língua do fiel - como sempre acontecera - é colocada entre os dedos daquele que se prepara para comungar. Alem disso, nos séculos passados aconteceram muitas mudanças que contrariam frontalmente a Bíblia. Por isso, dizem: não podemos concordar com eles. Aceitar Cristo, afirmam, significa entender e acreditar que quando Ele se deixou levar à cruz para nela morrer, fez isso para pagar pessoalmente pela salvação de todos os homens, e recorrem aos versículos abaixo para confirmar isso.
• Romanos 3:23. Com efeito, todos pecaram e todos estão privados da gloria de Deus, e são justificados gratuitamente pela graça; tal é a obra da redenção realizada em Jesus Cristo.
• João 3:16. Com efeito, de tal modo Deus amou o mundo, que lhe deu seu Filho único, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna.
• Efesios 2:8-9. Porque é gratuitamente que fostes salvos mediante a fé. Isto não provem de vossos méritos, mas é puro dom de Deus. Não provem das obras, para que ninguém se vanglorie.
• João 1:12. Mas a todos aqueles que o receberam, aos que crêem no seu nome, deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus.
Os evangélicos desprezam as imagens porque segundo a Bíblia elas são refutadas por Deus. Afirmam, alem disso, que também a igreja católica nos primeiros séculos não as usava, uma vez que estas entraram nas igrejas no final do III século, mas só a titulo de decoração. Duzentos anos depois, portanto no V século, as imagens que estavam nas igrejas passaram a serem utilizadas para instruir os fieis, mas ainda não eram consideradas sagradas. Foi depois do concilio de Nicéia em 787, e de Trento em 1562, que passaram a ser consideradas sagradas.
Eles dizem: se Deus nos ama, se deseja ter a nossa amizade, admiração e adoração, como se deve sentir quando um de nos se prostra diante de uma imagem de pedra, de madeira, de tecido, ou de um santo qualquer? Servem-se dos versículos abaixo para construírem este pensamento:
• Levítico 26:1. Não fareis ídolos. Não levantareis estatuas nem estelas, e não poreis em nossa terra pedra alguma adornada de figuras, para vos prostrardes diante delas, porque eu sou o Senhor, vosso Deus.
• Deuteronômio 4:16-19. Guardai-vos, pois, de fabricar alguma imagem esculpida representando o que quer que seja, figura de homem ou de mulher, representação de algum animal que vive na terra ou de um passaro que voa nos céus, ou de um réptil que se arrasta debaixo da terra. Quando levantares os olhos para o céu, e vires o sol, a lua, as estrelas, e todo o exercito dos céus, guarda-te de te prostrar diante deles e de render culto a estes astros, que o Senhor, teu Deus, deu como partilha a todos os povos que vivem debaixo do céu. Quanto a vos, o Senhor vos escolheu e vos retirou da fornalha de ferro do Egito, para serdes o seu povo, o povo de sua herança , como o sois presentemente.
Os evangélicos crêem nos santos, mas da forma indicada na Bíblia que é diferente do tradicional conceito católico, porque as Escrituras dizem que todos os crentes são santos, uma vez que foram santificados através do sacrifício de Jesus.
A palavra santo, no Novo Testamento, é utilizada para indicar grupos de crentes, e não para distinguir uma pessoa por mais pura que seja, ou porque realiza milagres, mesmo porque alguns o fizeram. Alem disso os evangélicos não rezam para os santos porque a Bíblia não só não diz que isso deva ser feito, mas afirma o contrario.
Para responder ao argumento de que os santos atendem as preces fazendo milagres, dizem: existem duas únicas fontes de poder espiritual: Deus e o Demonio. Deus diz que não se devem adorar imagem, assim sendo, quando aparentemente os milagres são feitos pelos santos, alem de empurrarem as pessoas para a idolatria, estes milagres não podem vir de Deus. Alem disso, os milagres são atribuídos da mesma forma entre os santos e aqueles que deixaram de sê-lo. O exemplo que é dado é que Santa Filomena, enquanto considerada tal, teria curado miraculosamente o papa Pio X, mas depois a própria igreja católica apostólica romana afirmou que esta santa jamais existiu.
Versículos que utilizam para reforçar seus argumentos:
• Lucas 4:8. Jesus disse-lhe: Está escrito: adoraras o Senhor teu Deus, e a ele só serviras (Deut.6:13).
• Atos 10:25-26. Quando Pedro estava para entrar, Cornélio saiu a recebê-lo e prostrou-se aos seus pés para adorá-lo. Pedro, porem, o ergueu dizendo: Levanta-te! Também sou um homem.
Acusam a igreja romana de interpretar incorretamente a Bíblia, ou então de fazer jurisprudência em causa própria em relação à obrigatoriedade de celibato dos padres. Vão alem, e afirmam que o ato sexual entre duas pessoas casadas não é pecado como afirma a igreja romana.
Suas afirmações baseiam-se nos seguintes versículos:
• 1 Timoteo 3:1-2. Eis uma coisa certa: quem aspira ao episcopado, saiba que está desejando uma função sublime. Porque o bispo tem o dever de ser irrepreensível, casado uma só vez, sóbrio, prudente, regrado no seu proceder, hospitaleiro e capaz de ensinar.
• 1 Corintios 7:1-5. Agora, a respeito das coisas que me escrevestes, penso que seria bom ao homem não tocar mulher alguma. Todavia, considerando o perigo da incontinência, cada um tenha a sua mulher, e cada mulher tenha o seu marido. O marido cumpra a seu dever para com a sua esposa e da mesma forma também a esposa o cumpra para com o seu marido. A mulher não pode dispor de seu corpo: ele pertence ao seu marido. E da mesma forma o marido não pode dispor do seu corpo: ele pertence á sua esposa.
Não vos recuseis um ao outro, a não ser de comum acordo, por algum tempo, para vos aplicardes á oração; e depois retornai novamente um para o outro, para que não vos tente Satanás pela vossa incontinência.
• Efesios 5:22-23. Pois as mulheres que sejam submissas a seus maridos, como ao Senhor, pois o marido é o chefe da mulher, como cristo é o chefe da igreja, seu corpo, do qual ele é o Salvador. Ora, assim como a igreja é submissa ao Cristo, assim também o sejam em tudo as mulheres a seus maridos.
Entretanto, a respeito da afirmação que o sexo entre marido e mulher não é pecado, a Bíblia, em Levítico 12 afirma o contrario:
O Senhor disse a Moises: Dize aos israelitas o seguinte: Quando uma mulher der à luz um menino será impura durante sete dias, como nos dias de sua menstruação. No oitavo dia far-se-á a circuncisão do menino. Ela ficará ainda trinta e tres dias no sangue de sua purificação; não tocará coisa alguma santa, e não ira ao santuário até que se acabem os dias de sua purificação.
Se ela der à luz uma menina, será impura durante duas semanas, como nos dias de sua menstruação, e ficará sessenta e seis dias no sangue de sua purificação. Cumpridos estes dias, por um filho ou uma filha, presenteará o sacerdote, à entrada da tenda de reunião, um cordeiro de um ano em holocausto e um pombinho ou uma rola em sacrifício pelo pecado. O sacerdote os oferecerá ao Senhor, e fará a expiação por ela que será purificada de seu fluxo de sangue. Tal é a lei relativa à mulher que dá a luz um menino ou uma menina.
Se suas posses não lhe permitirem trazer um cordeiro, tomará duas rolas ou dois pombinhos, uma para o holocausto e outro para o sacrifício do pecado. O sacerdote fará por ela a expiação e será purificada.
Na bíblia, como ainda veremos, existem muitas outras contradições. Neste momento, porem, nos limitaremos a repetir – do livro de Daniel – o que é dito contra o holocausto que é defendido em Levítico 12.
Requisitório contra Judá, 10, 11, 12, 13, 14, 15, 16 e 17.
Ouvi a palavra do Senhor, Príncipes de Sodoma;
Escutai a lição de nosso Deus, povo de Gomorra:
De que me serve a mim, a multidão das vossas vitimas diz o Senhor?
Já estou farto de holocaustos de cordeiros e da gordura de novilhos cevados.
Eu não quero sangue de touros e de bodes quando vindes apresentar-vos diante de mim.
De nada serve trazer oferendas, tenho horror da fumaça dos sacrifícios.
As luas novas, os sábados, as reuniões de culto,
Não posso suportar a presença do crime na festa religiosa.
Eu abomino as vossas luas novas e as vossas festas;
Elas me são molestas, estou cansado delas.
Quando estendei as vossas mãos, eu desvio de vós os meus olhos;
Quando multiplicai as vossas preces, não as ouço.
Vossas mãos estão cheias de sangue:
Lavais-vos, purificai-vos. Tirai vossas más ações de diante dos meus olhos.
Cessai de fazer o mal, aprendei a fazer o bem.
Respeitai o direito, protegei o oprimido, fazei justiça ao órfão e respeitai a viúva.
Os evangélicos aceitam tudo o que a Bíblia diz a respeito de Maria, mas não aceitam o que foi acrescentado pela tradição, e não rezam para Maria porque a Bíblia não ensina isso. Mesmo se o marianismo afirma a necessidade de orar para a mãe de Jesus porque tudo o que ela pede a seu Filho ele concede, uma vez que ela é intercessora, na Bíblia – continuam - não é citado ninguém que tenha ido a Jesus ou a Deus por intermédio dela.
A igreja católica ainda ensina que Maria é a “mãe de Deus”, expressão esta jamais utilizada na Bíblia, mesmo porque, se Maria fosse a mãe de Deus, concluir-se-ia que a “criatura seria a mãe do Criador”, ou seja, daquele que sempre existiu. Contrariando as Escrituras ensinam que Maria é a mãe da natureza humana de Cristo, enquanto ele, na sua natureza divina, sempre existiu. Alem disso, afirmam, Maria não concebeu sem pecado, porque ela é encontrada no templo oferecendo sacrifícios para a sua purificação como faziam todas as mulheres hebraicas. Sua afirmação se baseia no versículo abaixo.
• Lucas 2:22-24. Concluídos os dias de sua purificação segundo a lei de Moises, levaram-no a Jerusalém para o apresentar ao Senhor, conforme o que está escrito na lei do Senhor: “todo primogênito do sexo masculino será consagrado ao Senhor”, e para oferecerem o sacrifício prescrito pela lei do Senhor, um par de rolas ou dois pombinhos, que, como vimos em Levítico 12, um é para o holocausto e outro para o sacrifício do pecado.
A Bíblia fala a respeito de um lugar onde se pode obter a purificação dos pecados, além de dizer que quem recusa a crer em Cristo é condenado.


A idéia do purgatório foi extraída da doutrina pagã: Virgilio colocava as almas dos defuntos em tres diferentes locais: Tártaro, para os condenados; Campos Elíseos, para os bons e um lugar de expiação para os menos ruins. - Eneide 6, 1100-1105.
Sua afirmação considera o seguinte versículo:
• João 3:36. Aquele que crê no Filho de Deus tem a vida eterna; quem não crê no Filho não verá a vida, mas sobre ele pesa a ira de Deus.
Para os evangélicos è Pedro que na Bíblia diz que o chefe da igreja é Cristo e ninguém mais - mesmo se a igreja católica, pela tradição, afirma que a pedra - o fundamento da igreja - é Pedro, e sobre este “mal entendido” funda, edifica e justifica o papado como sendo uma extensão de Pedro.
A afirmação dos evangélicos se baseia sobre os seguintes versículos:
• Atos 4:10-12. Ficai sabendo, todos vos e todo o povo de Israel: foi em nome de Jesus Cristo Nazareno que vos crucificastes, mas que Deus ressuscitou dos mortos. Por ele é que este homem se acha são, em pé, diante de vos. Esse Jesus, pedra que foi desprezada por vos, edificadores, tornou-se a pedra angular. Em nenhum outro há salvação, porque debaixo do céu nenhum outro nome foi dado aos homens, pelo qual devamos ser salvos.
• Mateus 16:14-18. Responderam: Uns dizem que é João Batista; outros, Elias; outros Jeremias ou um dos profetas. Disse-lhe Jesus: E vos, quem dizeis que eu sou? Simão Pedro respondeu: Tu és o Cristo, o Filho de Deus vivo! Jesus então disse: Feliz és Simão, filho de Jonas, porque não foi a carne nem o sangue que te revelou isto, mas meu Pai que está no céu. E te declaro: Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja; as portas do inferno não prevalecerão sobre ela.
Os evangélicos interpretam este passo à luz de outros versículos da Bíblia que julgam que tratam do mesmo argumento, por isso afirmam que o catolicismo utilizou os versículos que eram de seu interesse.
• 1 Corintios 3:11-15. Quanto ao fundamento, ninguém pode por outro diverso daquele que já foi posto: Jesus Cristo. Agora, se alguém edifica sobre este fundamento, com ouro, com prata, ou com pedras preciosas, com madeira, ou com feno, ou com palha, a obra de cada um aparecerá. O dia do julgamento demonstra-lo-á. Será descoberto pelo fogo; o fogo provará o que vale o trabalho de cada um. Se a construção resistir, o construtor receberá a recompensa. Se pegar fogo, arcará com os danos. Ele será salvo, porém passando de alguma maneira através do fogo.
A interpretação destes versículos, contudo, permite outra explicação: Se alguém edifica sobre os fundamentos, “as exemplificações de Jesus”, construindo com o material que deseja, desde os mais esplendorosos aos mais simples, - igrejas; templos; credos; doutrinas ou a obras que for - o trabalho feito aparecerá, independentemente de quem o tiver feito, mas o “melhor edificador” só será conhecido através do julgamento que o tempo sempre se incumbe de dar: se a “construção” resistir é porque é sólida - a verdade está nela - mas se queimar, ou melhor, se no tempo se esgotar nela mesmo - é porque não pregava a verdade. Só depois disso os edificadores “receberão” segundo seus méritos.
Esta interpretação deixa claro mais uma vez o que já foi afirmado: a semeadura é livre, mas a colheita é obrigatória. O livre arbítrio permite a cada um fazer o que quer, mas o fruto daquilo que plantou, ele mesmo, obrigatoriamente, terá que recolher.
Quando os discípulos de Jesus pediram: “Senhor, ensina-nos a orar”, ele os ensinou a orar diretamente a Deus e a ele pedir o perdão de seus pecados. A oração é o Pai Nosso, e, no que diz respeito ao perdão, as duas versões deixam claro para os evangélicos que a confissão é com Deus. Alegam ainda que a igreja romana nos primeiros séculos também ensinava a seus fieis a proceder assim.
• Lucas 11:1-4. Perdoais os nossos pecados pois também nos perdoamos aos que nos ofenderam.
• Mateus 6:9-12. Perdoais as nossas ofensas, assim como nos perdoamos aos que nos ofenderam.

A doutrina da confissão através de um sacerdote só se tornou cânone em 1225, mas ainda assim, naquela oportunidade, o padre se limitava a ouvir a confissão, e, mesmo não dando à assunção, orava a Deus para que perdoasse os pecados que haviam sido confessados. Mais tarde o clérigo recebeu a faculdade de perdoar, baseada, segundo os católicos, nas palavras de João 20:21-23. A este respeito, contudo, os evangélicos chamam à atenção para o fato de que estas palavras não são dirigidas aos apóstolos - aos doze - mas aos discípulos, que são todos aqueles que seguiam Jesus.
• João 20:21-23. Disse-lhe outra vez; a paz esteja convosco! Como o Pai me enviou, assim também eu vos envio a vós. Depois destas palavras, soprou sobre eles dizendo-lhes: Recebei o Espírito Santo. Aqueles a quem perdoardes os pecados, ser-lhe-ão perdoados; aqueles a quem os retiverdes, ser-lhe-ão retidos.
Desta forma, dizem, a prerrogativa de perdoar os pecados não é um privilegio reservado ao clero, mas é estendido a todos aqueles que acreditam no Cristo como Senhor e Salvador. Alem disso, muito mais importante é entender que os discípulos que haviam recebido esta ordem jamais ouviram a confissão de alguém, porque se limitavam a pregar o Evangelho dizendo que só em Cristo era possível obter remissão dos pecados.
O comportamento dos discípulos é, segundo os evangélicos, uma prova inconteste que a palavra de Jesus referia-se á potencialidade redentora da predicação do Evangelho, e não a uma confissão ao cura - Lucas também confirma que Jesus jamais disse para que o cristão confessasse seus pecados a outro homem.
• Lucas 24:45-48. Abriu-lhes então o espírito, para que compreendessem as Escrituras, dizendo: Assim é que está escrito, e assim era necessário que Cristo padecesse, mas que ressurgisse dos mortos no terceiro dia. E que em seu nome se pregasse a penitencia e a remissão dos pecados a todas as nações, começando por Jerusalém. Vos sois testemunha disto.

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