sexta-feira, 17 de setembro de 2010

XVIII - APRECIAÇÕES DE SEGUIDOR

Einstein: "Creio em Deus que se revela na harmonia ordenada do Universo, e que a inteligência está manifesta em toda a Natureza". Muito lindo! Via Láctea, a galáxia que no universo abriga o Planeta terra e a bíblia. Deus é todo o conhecimento do Universo, que com o som de suas palavras, e a música que isso representa, mesmo que nenhum ser humano possa ouví-la diretamente, criou como um arquiteto todas as coisas na sua ordem, e como um maestro rege todo o seu movimento e harmonia.
Deus então não está na matéria, é o conhecimento, o pensamento e as idéias reunidas em todo o Universo. Tudo que pensamos, Ele pensa, tudo o que sabemos, Ele sabe. Pode nos tocar, assim como o vento toca as montanhas e produz o som e o eco, e por isso é música, a música que ecoa no Universo! E também nos leva através dos sonhos, ao seu mundo, infinito, de onde muitas vezes surgiram as grandes ideias que mudaram a vida da humanidade. É como um grande maestro, que escuta atentamente sua orquestra, ele nos escuta, através de nossas orações. Pode nos moldar a qualquer tempo, conforme sua vontade. Não é material, mas pode estar entre toda a matéria do Universo, confirmando as escrituras sagradas: Ele está no meio de nós". É diante desta paz que o coração se inspira, a alma suspira, as palavras soltam-se e eu vôo uma vez mais...Descobrir o caminho que nos desperta a alma, os sentidos, que nos leva a viajar pelo silêncio, que nos conduz a evolução do espírito, a aprendizagem das emoções, o amadurecimento da alma que por séculos se propaga até ao limiar da perfeição. Sentir é muito mais que tocar, muito para além de imaginar, é um respirar profundo, uma tufada de ar. Nesse espaço exíguo somos a perfeita essência, perfume de mil tempos que seguramos na ponta dos dedos e bebemos dos universos as palavras que se soltam dos lábios que derramam poesia em goles de vida, como se fossemos o mesmo fluxo de energia que queremos mesclar.
Neste barco sem rumo, seguro o leme que dirige o destino. Este não é um oceano qualquer, onde os ventos sopram de norte e inflam as velas. Este mar é feito de nuvens de águas doces e gotas finas, a brisa é um sopro de almas que os véus translúcidos agitam. É nestas águas tépidas que navego, levando este barco,afagando-me nos sentires, fabricando sonhos! Regressar é uma tarefa mais árdua,depois de ver a beleza de outros lugares, não há vontade de voltar à cárceres deste ínfimo corpo onde a alma se aprisiona em troca de rotinas banais que não queremos jamais. Continuo a escrever, inventando outras letras com muitas cores...Doces com aromas etéreos de outros mundos. Entorno as páginas, perfumes de brisas novas que me transportam para o paraíso em silêncio azul.

Não somente os cientistas relatam, mas nós também ficamos fascinados ante a constatação da harmonia, equilíbrio e beleza do Universo. Tudo parece ter sido montado para que, da profundeza abissal de um oceano primordial, o vácuo quântico, devessem surgir partículas elementares, depois da matéria ordenada e, finalmente, a matéria complexa da vida! Os sinais de Deus estão por toda parte! Na voz dos animais, no murmurío dos rios, no vento, na noite escura, no canto do ruxinhol, nos segredos das florestas, na ampliação do Universo, no borbulhar das águas claras, na fúria dos vulcões, na força dos vendavais...No sangue que corre em nossas veias, na nossa alma, no nosso coração, no ar que respiramos, na energia do sol que nos ilumina e aquece, no sabor das frutas, no perfume das rosas, na beleza do arco íris, nas cores do arrebol. Deus, a suprema perfeição, nos deu tudo isso de presente para que possamos sentir em todas as horas de nossa vida o sopro Divino Sua eterna criação. Não seria maravilhoso, se num todo, pudéssemos renascer, irmanar-nos, emocionar-nos, puxar do fundo da alma o amor de orar no templo eterno da Natureza? Fazer surgir o espetáculo dos mundos a percorrer o infinito, nos esplendores da vida que se expande em sua superfície! Na vista dos horizontes variados: planícies, vales, montanhas e mares que a nossa morada terrestre nos oferece! Por toda a parte, à luz brilhante do dia ou sob o manto constelado das noites, à margem dos oceanos tumultuosos...E assim na solidão das florestas, os primeiros raios de sol que penetram entre as árvores, saber nos recolher, ouvir as vozes da natureza e os sutis ensinamentos que murmuram ao ouvido daqueles que frequentam suas solidões e estudas seus mistérios. E da dor refazer-se, ao vestir a seda do amor, invertendo no rosto os lábios que se exprimem através dum leve sorriso. Neste momento os dedos agitam-se, recriando o vazio do coração, preenchendo-o, dando lhe a vida que a escuridão lhe havia tirado. Ganha forma das luzes que clareiam o dia! Nasce um novo mundo, lugar onde o silêncio se pode escutar por detrás das melodias que pairam no ar. Um lugar onde os sonhos são a mais pura realidade, onde os ventos sopram suaves e a luz será presença constante, mesmo na noite mais escura.

Fico em silêncio, seguro nas mãos a caneta, a folha branca de papel, que aguarda pacientemente que nela deposite os riscos com que escrevo uma nova historia. Espera ser tatuada de sentimentos, de palavras! Deixo-a resvalar...Atrás de si,derrama-se um rastro de tinta fresca e húmida, que a folha, na sua ansiedade, absorve suavemente. A vida, entre dimensões, revela a verdadeira essência da alma. Neste lugar, neste momento, em que o tempo se move em ritmos diversos, refazemos os sentidos e libertamos em nós a luz, como feixe que pelo espaço nos conduz, cruzando a escuridão, numa explosão inimaginável de alegria...Num brilho ofuscante de faíscas que condensam o as em pequenas gotículas, desaguando na margem de novos mundos! Nesta epopeia somos apenas leitores, admiradores, que se alimentam das suas mãos aqui deposita com carinho! Ficam as palavras que controem livros, que alçam velas em caravelas e percorrem mares nunca antes navegados. Preenchemos os vazios nas memórias que mantêm a nossa alma. Ainda há tanto o que ler, ainda há esperança que acalenta o tempo e as estações que amadureçam o homem, fazendo dele mais sábio, mais humano e sensível. Somos como um grão de areia, mas aqui, neste meio de aprendizado, de beleza, sossegamos o nosso espírito, olhamos as estrelas dentro de nós, e, mesmo nas noites de tormenta, percebemos que para lá das nuvens há um Universo inteiro, cheio de luz e brilho que nos abraça que nos aconchega! Este tempo é um momento de pausa,do que nós é ensinado. É um tempo de reflexos, pensamentos e sensações, que se suspendem de fios imaginários presos às estrelas do firmamento. Na melodia das palavras, perseguimos o ritmo da cadência das frases, dançamos em silêncio, embalamos nossa alma, sem perder um único acorde.

Descrevo esta historia após ler O UNIVERSO, O TEMPLO NO QUAL O HOMEM ORA...Baseada na historia de Paramahansa Yogananda. É sobre o almiscareiro, um animal que vive nos inacessíveis altos picos do Himalaia. Diz-se que, quando ele alcança certa idade, começa a sentir o cheiro penetrante que exala no ambiente ao seu redor. Com o passar do tempo, uma descarga imensa de sensações, um instante de puro e pleno transe, despertam outros sentidos com o aroma delicioso. Caminha para lá e para cá, pulando, correndo, farejando sob as árvores e furnas, preenchendo-se da névoa dos incensos que o ar liberta, buscando o perfume em toda parte, Ás vezes,por muitas semanas busca loucamente a fonte da tão persistente fragrância. Sentindo-se incapaz de localizar o perfume tantalizante, que lhe castiga a alma, ele torna-se extremamente inquieto. Assim, prossegue na busca, porem, adentra a um estado tal de agitação, e num esforço último e desesperado de encontrar a fonte da essência enloquecedora. No desejo de deglutir a luxúria que o devora, acaba saltando dos altos picos alcantilados do Himalaia e finda por cair para a morte no vale que se estende abaixo. Os caçadores, achando os cadáveres, retiram a almejada bolsa de almíscar e produzem o perfume que é consumido em todo mundo. Diz-se que ainda nos dias de hoje, o almiscareiro é aprisionado e permanece em cativeiro por pelo menos 15 anos para que se extraia esta essência que se transforma em perfume. Perde a própria vida, procurando o que está dentro de si mesmo. Também perde a sua liberdade aprisionada pelo homem. Por que o ser humano tem o habito de imaginar o futuro baseado na capacidade de possuir coisas? Onde está buscando o seu perfume? Não seria aquele que contem o doce e inigualável aroma do amor-sabedoria? Aquele inebriante exalar que conduz o ser humano ao seu estado de êxtase que é o de se aproximar e conviver com a essência do Criador a pulsar no seu interior? Há no tempo um instante de suspensão, entre a noite escura e o claro do dia, entre o inspirar e o aspirar, entre o abrir e o fechar dos olhos...Nesse momento de inércia paramos o tempo, dilatamos o espaço. Nesse pedaço perdido entre movimentos divergentes, há um lugar para a eternidade, uma porta que se abrem é lá que me sento que espero o regresso dos dias, a brisa do vento que me leva sempre a voar, sonhar e amar.

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